terça-feira, 6 de setembro de 2011

O que todo mundo sabe que todo mundo sabe...

A sociedade moderna, tecnológica, imediatista, torna o hábito da leitura quase que ultrapassado. Num mundo de sites de relacionamento, a atenção do leitor, especialmente do jovem, não se prende além dos 140 caracteres. A Literatura, por consequência, não ultrapassa os portões da escola, onde é matéria obrigatória e pela maioria considerada chata. Nosso país se orgulha de ter tantos e tantos alunos inseridos nas escolas e tapa os olhos para a grande verdade: quase que a totalidade destes alunos pode ser considerada de analfabetos funcionais, e isso não se dá apenas no âmbito do ensino público não. Escolas particulares se iludem pelo fato de incluir "Dom Casmurro" ou "O Cortiço" em seus currículos e deixa passar despercebido o fato de que seus alunos apenas decoram o que é mais importante para obter nota na prova, sem qualquer interesse pela leitura que se apresenta e, mais grave ainda, sem compreender o que se passa na narrativa, tampouco seu contexto histórico.

Professores jogam a culpa nos alunos, que por sua vez devolvem-na aos professores, dizendo que os livros adotados são muito chatos. Vale a pena mesmo procurar um "culpado"? Vale lembrar que esse não é um fenômeno exclusivo no Brasil. Há alguns anos o fenômeno Harry Potter passou a ser utilizado como instrumento de trabalho por professores na Inglaterra pois estava trazendo de volta aos jovens o gosto pela leitura. Tal atitude foi duramente criticada por alguns especialistas, por não se tratar de literatura clássica. Mas e se essa foi a porta de entrada encontrada pelos professores ingleses para transportar os alunos ao mundo de Shakespeare e Oscar Wilde? Talvez aqui no Brasil seja a hora de uma ação semelhante, encontrar o que de fato parece relevante aos alunos e a partir daí buscar a intertextualidade entre a literatura contemporânea e os clássicos, para salvar o prazer de ler que hoje se limita às últimas notícias do Big Brother ou às "tuítadas" dos amigos.

Tenho certeza de que o que digo aqui não é a invenção da roda, e muitos bons professores devem estar por aí fazendo seu trabalho de formiguinha. É vital para o bem da educação que os detentores do poder percebam isso também, e se juntem numa grande ação. Caso contrário, a longo prazo o problema da falta de interesse na Literatura repercutirá em grande escala (já acontece hoje em menores proporções) no ensino superior, na leitura e interpretação de textos técnicos e no desenvolvimento do senso críticos. Sem o estímulo da leitura, sem que se desenvolva a compreensão acerca da Literatura desde a educação fundamental, estamos fadados a ver gerações incapazes de expressar seus pensamentos e talvez até de desenvolvê-los, meros repetidores do que já foi dito tantas e tantas vezes.

Um comentário:

  1. Olá P. !
    Confesso que descobri o gosto pela leitura na casa dos 30. (riso)
    Porém meus filhos descobriram cedo. Quando vamos a sebos ou livrarias, eles sempre saem com um livro escolhidos por eles e lêem; o que é importante. O gosto pela leitura também é um hábito herdado.
    Tenha uma excelente terça-feira!
    Abraço do blogueiro navegante!

    Quero lhe convidar para que leia ‘Maconheiros desgraçados’ no http://jefhcardoso.blogspot.com/

    “Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)

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